quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Ao abrir nosso coração, abrimos para tudo, porque no fim tudo valeu.
O mundo em que vivemos, talvez seja um mundo de aparências. A espuma de uma realidade mais profunda que escapa ao tempo, ao espaço, a nossos sentidos e a nosso entendimento. Mas, nosso mundo da separação, da disperção, da finitude, significa também o mundo da atração, do reencontro, da exaltação. E estamos plenamente imersos nesse mundo que é o de nossos sentimentos, felicidades e amores. Não experimenta-lo, é evitar o sentimento, mas também não haverá o gozo. Quanto mais estamos aptos a felicidade, mais nos aproximamos da infelicidade…

“A infelicidade caminha lado a lado com a felicidade, a felicidade dorme ao pé da infelicidade.”

Clarice Lispector
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O Verme e a Estrela
Adriana Calcanhotto
Composição: Cid Campos / Pedro Kilkerry

Agora sabes que sou verme
Agora, sei da tua luz.
Se não notei minha epiderme...
E, nunca estrela eu te supus.
Mas, se cantar pudesse um verme
Eu cantaria a tua luz!
E eras assim... Por que não deste
Um raio, brando, ao teu viver?
Não te lembrava. Azul-celeste
O céu, talvez, não pode ser...
Mas, ora! Enfim, por que não deste
Somente um raio ao teu viver?
Olho e não vejo a tua luz!
Vamos que sou, talvez, um verme...
Estrela nunca eu te supus!
Olho, examino-me a epiderme...
Ceguei! ceguei da tua luz?